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Saturday, December 07, 2019

É possível ser feliz sozinho?

Não é possível ser feliz. Ninguém nunca conheceu o que é a felicidade, pois, assim como a liberdade, ser feliz só é possível coletivamente. É impossível a felicidade genuína num mundo onde tantos sofrem por desamor, onde há tanta gente doente e abandonada nas calçadas. 

A gente sonha com a felicidade, fotografamos nossos sorrisos e ostentamos os momentos alegres, mas feliz mesmo ninguém é. Quem pensa ter felicidade é porque vive preso na propria individualidade e esta é ilusão. Liberdade individual não existe, é privilégio disfarçado. Empoderamento individual é mentira, é o desvirtuamento da palavra para vender ideologia de prateleira que nos ensina um "salve-se quem puder e dane-se o resto". 

Algumas pessoas consideradas mestres falam de felicidade, liberdade, Educação, sem falar da luta humana coletiva para construir tudo isso de forma verdadeira, ou seja, para todos e todas. Quem cai nessas conversas e compra essas ideologias é porque, consciente ou inconscientemente, está preso no individualismo e no egoísmo. Isso causa cegueira. Não somos nada sem nossa História de lutas, não somos ninguém se não honramos nossa ancestralidade. Palavras vazias em tom de palestra é oportunismo. Alimentar-se destas ideologias individualistas é absorver uma cegueira e uma anestesia social que se espalha feito droga e vício e cai como uma luva nas classes sociais privilegiadas que desejam "despertar", pois virou moda, virou consumo. 

Não quero dizer que devemos nos assumir tristes e infelizes, ao contrário, quero dizer que é preciso ultrapassar o individualismo e o egoísmo, que é preciso ir além das aparências na tarefa de "despertar". É preciso estar atento e saber que qualquer teoria que não reverencie os ancestrais (bases e fundamentos) e a coletividade é ilusão. Devemos sorrir e viver com alegria, pois sem isso não temos forças para lutar, mas viver apenas para si e para seus pares é estar preso na bolha, é deixar-se levar pela ideologia dominante, é pensar que está despertando, mas, na verdade, está cego e fazendo parte de um movimento que apenas gira em torno de si sem sair do lugar. Que a cada sorriso possamos abrir os olhos, a cabeça e o coração com coragem. 

Este é um desabafo sobre discursos que tenho visto no campo da Educação, tanto nas leituras teóricas, nos estudos, quanto no corpo-a-corpo dos fazeres educativos, em escolas, coletivos, na formação de educadores, na construção da ideia de "Educação Inovadora", de "Educação do Século XXI", etc. 

Há uma estratégia discursiva que é afirmar algo que ninguém vai discordar, como, por exemplo, que as crianças devem ter contato com a natureza para um desenvolvimento saudável, mas a partir dessa afirmação pode haver diferentes visões de mundo, projetos de sociedade e, inclusive, a ideia de que os problemas ambientais decorrem da nossa falta de amor à natureza, ou seja, o discurso que culpabiliza o indivíduo pela degradação ambiental, mas isenta o capitalismo da exploração socioambiental que exerce e que impacta a natureza em proporções estratosféricas. Assim, muita gente bem intencionada acaba construindo um discurso que pode ser facilmente apropriado pelo capitalismo e ser utilizado como argumento que reforça as ideologias alienadoras e individualistas. 

É claro que a atitude individual é importantíssima e que nós indivíduos impactamos na natureza. Há muito que se pode fazer no campo do indivíduo, na mudança do estilo de vida, etc. Justamente por isso ser tão importante, consensual e de fácil aceitação, é vendido como discurso dominante, o que acaba reforçando nossa socialização que, nos moldes do capitalismo, deve ser alienada, individualista e maquiada com benevolência. 

Acredito que paz de espírito é lutar contra a alienação e exploração predatória da sociedade, das culturas e da natureza, com certeza isso começa no indivíduo, mas é agindo no mundo e com os outros que realmente nos transformamos. ♡



Sunday, October 14, 2018

Dia das crianças em tempos difíceis

As crianças me mantém viva, elas são fonte de aprendizados sobre a natureza humana e sobre a vontade de viver. De 2007 a 2009 trabalhei num projeto da Prefeitura de Fortaleza no bairro do Caça e Pesca, as crianças me fizeram educadora e eu me descobri arte-educadora- ambiental, me vi na Educação não-formal, um caminho que felizmente eu nunca saí.

Hoje vejo que é preciso lutar pelas crianças,  pela Educação,  pela arte, pela cultura e pelo meio ambiente. Aprendi que a História sem luta cai no esquecimento e eu jamais me esqueço das crianças que me fizeram educadora e também dos outros educadores com quem trabalhei que, com certeza, também moldaram minha formação.

Essa foto do beijo na Terra foi durante a montagem de uma peça de teatro no bairro do Caça e Pesca no projeto da Prefeitura de Fortaleza em parceria com a Petrobrás.

Em tempos de golpe e de fascismo no Brasil eu desejo um feliz dia das crianças com muita luta e alegria, com muita vontade de viver e vencer, com muito amor à natureza, à Amazônia,  aos povos nativos e quilombolas,  às crianças e à democracia em nosso país.

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Thursday, October 11, 2018

Permacultura e Educação: construindo uma educação ambiental infantil prática no Espaço Cria



A agrofloresta urbana do Espaço Cria fica no bairro do Cosme Velho no Rio de Janeiro, ela vem crescendo, se desenvolvendo e permeando o coração das pessoas da comunidade escolar, o Cria é uma escola de Educação Infantil que se inspira em pedagogias que primam pela sensibilidade, o contato com a Natureza e a democracia, como a Educação Viva, a Comunicação Não Violenta (CNV), as comunidades de aprendizagem (Escola da Ponte e Escola Projeto Âncora), etc.


Cada escola, cada lugar, cada comunidade tem seu jeito e o Cria está começando a desenvolver sua própria metodologia de comunidade de aprendizagem, criação e transformação. O processo começou com a implantação de canteiros produtivos de agricultura orgânica concomitantemente com as oficinas práticas com as crianças a partir de 3 e até 6 anos de idade.



O desejo de crescer com a permacultura no Cria encontrou o desafio do tempo, de conseguir encontrar com as pessoas. Mas em contrapartida, aceitei observar e ler a espontaneidade do fenômeno que vem florescendo a partir  vem do diálogo criativo, construtivo e coletivo, o que permite o encontro de pontos em comum no trabalho da permacultura e da agrofloresta com as demais áreas da escola: a cozinha, a direção,  a coordenação, o berçário (que no Espaço Cria é o ciclo I), a portaria, a equipe de limpeza, jardinagem, serviços gerais, os educadores, a equipe de audiovisual, as mães,  os pais, as famílias,  a equipe do administrativo e do financeiro, etc. e, é claro, as CRIANÇAS de todos os ciclos.




Mas como pensar em plantar e produzir alimentos orgânicos na cidade diante da sobrecarga de tarefas que todos nós acumulamos? Já trabalhamos tanto, como vamos pensar em plantar? Este é um desafio real, porém,  não conseguimos enxergar além dele porque vemos o problema numa perspectiva muito individual.

Plantar na cidade quer dizer ações em comunidades, em escolas e, através dos saberes da permacultura e da agrofloresta é possivel planejar e implementar sistemas sustentáveis aproveitando o que há no local, sem exaurir a terra e nem o trabalho humano. O plantio de alimentos é cultura, arte e diversão, portanto, é impreterível que estas práticas estejam presentes na Educação, porém, as mesmas não devem ser fragmentadas, a agricultura urbana orgânica deve estar sempre integrada às relações humana, à arte e à cultura.

O Espaço Cria permite que o processo aconteça espontaneamente e naturalmente, a partir de nossos interesses, de nosso trabalho, de nossa arte, da ação com significado coletivo construído na experiência, etc. O trabalho com a permacultura nesta escola está abrindo uma fenda que permite visualizar uma comunidade que constrói democraticamente e criativamente seu projeto de sustentabilidade, envolvendo a produção de alimentos orgânicos na cidade. É um sonho nosso que já virou ação. 


O contato com a natureza, a produção de alimentos orgânicos, a transformação dos espaços, as artes e as relações em geral, tanto entre as pessoas como em relação ao ambiente e recursos, são ferramentas de criação da realidade, da cultura e da política.

Quando produzimos alimentos nas escolas questionamos o ilusório antagonismo entre a cidade e o campo e abrimos uma trilha que permite visualizar que é possível sim plantar na cidade, aproveitar os recursos, cuidar da terra permitindo a nutrição do solo a partir da compostagem orgânica e evitando o esgotamento dos nutrientes da terra e da sua microfauna.



Todo dia aprendemos um pouquinho com a Natureza e seguimos na luta para encontrar as chaves da transformação, sem dúvidas uma delas é o princípio que afirma: "Trabalhar com a terra e não contra ela". Isso inclui o protagonismo político  dos sujeitos e a consciência da importância do amor e da liberdade coletiva como fundamentos essenciais da sobrevivência humana. ♡




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