Foi no feriado de Corpus Christi que eu cheguei aqui. Foi em 2016, assim que a Dilma sofreu golpe, era tempo de jogos olímpicos no Rio de Janeiro.
Minhas raízes cearenses, depois de se alimentar de cinco anos de Minas Gerais, chegaram ao mar e à floresta atlântica do Rio.
Para mim tudo era mistério e surpresa. Eu saia de um corpo-mente que formei no interior de Minas e comecei a me expandir para um corpo em luta, buscando me organizar politicamente e me aproximar das pessoas e causas nas quais acredito.
O Rio me quis e eu quis o Rio. Assim me envolvi com essa cidade e sei que para sempre vou me emocionar com a sua beleza, mas viver aqui é como "padecer no paraíso". O Rio é palco, é suco do Brasil. Os momentos de deslumbre, com a beleza da Natureza e do patrimônio histórico, se alternam com a tristeza de ver o patrimônio humano abandonado nas calçadas ao sofrimento e à fome.
Vejo o Rio como paraíso, como palco da Arte do Brasil, mas também como vitrine sintomática do assalto que vem sofrendo nosso país, que intensifica tanto a violência e a disparidade social.
O Rio é encruzilhada da beleza e da opressão e, mesmo assim, eu cultivo o palpite de que é o melhor lugar do mundo, é uma joia, um tesouro. Não apenas pelas belezas naturais, mas também pela cultura e pelo jeito do povo.
Aqui fiz amizades que se consolidaram e que coloriram o meu sentimento de pertencer e ser amada.
Agradeço, agradeço, agradeço, mas também peço e imploro por redenção para essa cidade, esse Brasil e esse planeta Terra como um todo.
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