Wednesday, December 08, 2010

Experiêcias de Aprendizado nos "Limites" do Sistema



Esta foi uma atividade do Curso que tivemos com Skye Riquelme – Curso Avançado de Educação em Permacultura – de 25 a 29 de outubro de 2010 na Universidade Estadual do Ceará. Desde o começo do curso eu já havia percebido que seria uma experiência especial, pois logo no início o Skye nos colocou em roda e nos disse que um de seus objetivos era que, em algum momento do processo os nossos corações batessem no mesmo ritmo. E assim demos início ao curso; trilhando o caminho do coração.

Outro ponto que marcou o início de nossa jornada foi que o Skye expôs duas possibilidades metodológicas: a primeira era que ele nos passaria algumas metodologias de educação, vivências, dinâmicas, etc. E a outra opção seria um processo que iria nos transformar profundamente e isso incluía a metodologia da Teoria “U” – que nos leva à jornada de co-iniciar, co-sensibilizar, empatia, presentificação, co-criar e co-evoluir, com o objetivo de transposição do ego ao Ego, ou seja, do ego individual ao Ego universal, numa experiência em que a natureza é a fonte de inspiração principal para estarmos presentes - essa segunda opção metodológica incluía também uma vivência em que passaríamos uma noite acordados em algum lugar na natureza sozinhos, ou seja, o grupo iria para um lugar “nos matos” e se espalharia, de forma que todos ficassem a sós, numa distância que não fosse possível visualizar outro colega, mas que, ao mesmo tempo, fosse suficiente para ser ouvido caso fosse preciso pedir ajuda em alguma emergência.

É claro que o grupo escolheu a segunda metodologia: teoria “U” e vivência noturna e solitária na natureza.

Aqui não vou me alongar sobre essas experiências, mas sim sobre a atividade de pesquisa em grupo que nos foi passada no segundo dia de curso: nos dividimos em grupos e teríamos que fazer uma entrevista com alguém que pudéssemos considerar que estivesse nos limites do sistema para que conhecêssemos a sua experiência de aprendizagem.

Meu grupo escolheu ir para a Praça do Ferreira, no centro da cidade de Fortaleza, essa praça é o “berço” dos artistas de ruas, é um dos espaços mais populares da cidade onde passam vários tipos de pessoas diariamente. De longe vimos uma roda de pessoas, o que é bem comum na praça José de Alencar, havia alguém deitado no chão, parecia um acidente ou então era alguma “marmota”, como costumamos chamar as coisas inusitadas aqui no Ceará, nos deparamos então com uma intervenção da artista Eleonora Fabião que foi a ocasião perfeita para que pudéssemos realizar a nossa pesquisa, pois ali estava proposta uma situação viva e real que envolvia arte, cultura, curiosidade e reflexão humana.

Essa pesquisa foi uma forma de vivenciar o que havia sido bastante falado no curso: ouvir mais e falar menos, exercitar a escuta! Portanto, estar aberto para ouvir atentamente se mostra como atitude essencial na busca por uma educação humanizada e sintonizada com a natureza. Nós conseguimos, através das entrevistas realizadas na praça, captar vários pontos fundamentais dos processos de aprendizagem, listei abaixo algumas palavras-chaves das falas das pessoas:

- A questão indígena, “todo brasileiro é índio” - Cultura - Conscientizar - Problema e solução - Conhecimento e coração - Detalhes, “prestar atenção” - aprender com as pessoas - educação - mudança - “o chão não serve somente para pisar” - experimentar - curiosidade - silêncio - relaxar - oportunidade - respeito - pessoas - aprendizagem e relação - experiências relacionais - desabituar - desmecanizar - adversidades - princípios - dificuldades - ensino curricular

Devo afirmar que este curso com o Skye foi realmente transformador, sinto esta experiência descortinou o meu coração e me aproximou visceralmente de uma nova atitude a respeito dos processos de aprendizagem, passei a perceber o ato de aprender em todos os momentos, como um estado alerta de consciência e sobretudo um estado aberto de coração. Segundo o Skye “devemos conectar com o nosso coração para conectarmos com os corações das pessoas”.

Essa visão me mostrou algo sobre percepção, de saber chegar para estabelecer uma relação com o outro, sejam as pessoas ou a natureza. É preciso, antes de tudo, conhecer a experiência de aprendizado das pessoas para que, a partir daí, seja possível iniciar práticas educacionais com elas, ou seja, construir o conhecimento coletivamente. Precisamos, inclusive, ser espectadores do nosso próprio processo de aprendizagem para que possamos de fato nos aventurar nas experiências de cognição conscientemente.

Sunday, November 14, 2010

Contação de História: "Origem do Cosmos"



parte II: http://www.youtube.com/user/patriciamartins360?feature=mhum#p/u/4/AaDf99ruYC4

Às vezes uma pequena idéia vai crescendo, crescendo, crescendo e surpreende até mesmo o idealizador. O trabalho no PETI (Programa de erradicação do trabalho infantil) é muito desafiador; trabalhamos com um total de quinze instituições que executam o programa, todas localizadas em diferentes bairros da cidade de Fortaleza, cada uma tem suas características próprias, seus desafios e potencialidades.

Em uma visita de acompanhamento que fizemos em uma dessas instituições, conversamos com os educadores sobre a rotina dos trabalhos e eles listaram algumas dificuldades que estavam tendo. Uma delas era a falta de material didático - pois apesar de o programa oferecer recurso para isso, nem sempre o repasse é feito em dia, devido os trâmites burocráticos – tivemos então a idéia de trabalhar a contação de história nessa instituição, eu logo lembrei do livro Lendas do Saber, que comprei da Suzana Maringoni, durante o PDC (curso de desing em Permacultura), este livro tem doze histórias interessantíssimas e cada uma delas é relacionada com um dos princípios da permacultura. Saímos da instituição com aquela idéia: visitar a instituição com uma contação de histórias.

Escolhi a história “Criação do Cosmos” e resolvi fazer, de material reaproveitado, os personagens. O dia das crianças estava se aproximando e nós, a equipe de arte-educação do PETI, resolvemos visitar as instituições com alguma atração especial. Decidimos então contar essa história em várias instituições relacionando o tema com o dia das crianças. A criatividade foi fluindo e, além dos personagens, preparei uma caixa, uma música e um pergaminho.

A história foi contada em oito instituições do PETI, diferentes locais, diferentes sentimentos e momentos, mas em todo lugar havia brilho no olhar, algum sorriso, algum encanto, o alimento que o artista precisa e que o palhaço multiplica em energia.

Às vezes é preciso no dia-a-dia do ambiente educativo um novo movimento, algo que dê outra forma à rotina, é preciso fantasia: a “mentira” que é lícita porque não deseja e nem se esforça para convencer, porque é transparente, porque é contada em arte; uma ilusão benigna que nos permite ir além.

Friday, November 12, 2010

LAN - O Laboratório de Artes Naturais


A experiência do Laboratório de Artes Naturais foi muito marcante para mim; a metodologia surgiu naturalmente durante o meu trabalho com a turma. Percebi que, inevitavelmente, levamos para os espaços educativos a nossa história de vida, nossas experiências, nossos sonhos e sentimentos, o que e como aprendemos e, certamente, aquilo que nos marca.

Era uma época em que eu vivenciava diariamente a arte com as crianças – como educadora da oficina de artes plásticas do projeto – eu estava descobrindo a permacultura, toda essa descoberta se tornou um encanto para mim. Então tudo foi acontecendo: as linguagens das artes, os padrões da natureza, a necessidade da abordagem ambiental na educação e a permacultura; as conexões foram se mostrando ao mesmo tempo em que eu planejava, praticava e avaliava as atividades. Um dia, absorta em uma reflexão sobre essa experiência, veio-me, num sopro de inspiração, este nome: O Laboratório de Artes Naturais.

A medida que o tempo passa e que reflito mais sobre a experiência, que estudo, que vivencio, percebo que mais e mais este nome faz sentido; pois além do caráter experimental existente na arte e na vivência com a natureza, esses tipos de atividades (a criação de espaços artísticos-naturais nos ambientes educacionais) possibilitam a construção de um laboratório transdisciplitar, afinal, podemos sem medo afirmar que a arte e a ecologia são áreas amplamente transversais que permitem conexões com todas, ou quase todas, as áreas do conhecimento. As idéias a partir da Arte e da Natureza são inesgotáveis e alimentam parte do nosso Ser.

Release

O Laboratório de Artes Naturais integra Vivências com a Natureza, Alfabetização Ecológica, Permacultura e Arte-educação.

Foi uma metodologia que surgiu durante o meu trabalho com as crianças do Projeto Crescer com Arte - da Prefeitura de Fortaleza em parceria com o Programa de Criança da Petrobrás - no bairro “Caça e Pesca” em Fortaleza (Ceará) – no período de março de 2007 a março de 2009.

patriciamartins360@gmail.com

mais fotos:
http://www.flickr.com/photos/patriciamartins/sets/72157605284071690/detail/
http://www.flickr.com/photos/patriciamartins/sets/72157614516538032/detail/