Tuesday, June 30, 2015

À Terra

Carinho à Terra, 2015.
Nanquim sobre papel.


Tudo surgiu de um abraço. Fechei os olhos e senti que estava abrigada pelo meu próprio corpo, que estava abrigado por um outro corpo, que estávamos os dois envolvidos pelo sentimento do amor. Senti, porém, que o meu corpo não era meu.

Então veio a compreensão de que somos espíritos vivendo a materialidade e que o carinho que se faz ao corpo, se faz, na verdade, à terra.

Não quero aqui cair na dualidade mente-corpo ou matéria-espírito, pois a vida, como conhecemos, não permite separar essas dimensões. Apenas as separamos a título de buscar compreendê-las, no entanto, só podemos compreender a vida se pensarmos a fusão da matéria com aquilo que a anima.

Podemos pensar, mas muito mais, podemos sentir. Cada ser vive a vida de um jeito diferente e uma mesma vida é constituída de experiências diferentes. São infinitas dimensões, todas distintas e únicas. Cada ser é único e suas experiências são únicas.

Esse abraço foi único e, para mim, será inesquecível. Eu nunca tinha sentido um abraço dessa forma e, provavelmente, essa experiência mudou o modo que eu percebo o ato de abraçar.

Todo ser vivo um dia morre e aqui na terra deixa o seu corpo. Isso é tudo o que podemos perceber nesse mundo. O que acontece ao espírito ou se há outros mundos aqui não podemos saber. Então, se aqui isso é tudo o que sabemos, deixemos à terra corpos acarinhados, abraçados, inscritos e impressos de amor e carícias.

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