Sunday, October 06, 2019

Educação Brasileira: é preciso inventar a roda?



É a criança que faz o adulto e não o contrário, porque nascemos criança e crescemos em torno desse ser que é o centro da nossa vida e, portanto, é fonte dos nossos sentimentos e habilidades. Estar com as crianças é treinar a presença e a paz que vem da experiência. É um exercício de atenção, dedicação e respiração consciente. Escuta sensível, olho no olho. Eu já passei pela infância e quanto mais eu estudo Educação e trabalho com as crianças, mais eu lembro da minha infância, mais e mais reafirmo meu compromisso com minha criança interior e reconheço suas dores, sonhos e potências. 

A criança pequena é toda sentimento, se expressa com o corpo, com o choro e o sorriso. Para apoia-las precisamos respeitar e acolher suas emoções, sem julgamento de valor. O choro também é bom. Só depois de acolher seus sentimentos, suas dores e desesperos damos o carinho, o consolo e oferecemos novos caminhos para deixar ir, passar, resolver o incômodo. Precisamos ser conscientes e respeitar sentimentos sem valorar entre o bom e o mau. A criança nos determina, construímos primeiro sensibilidades para depois aflorar a personalidade. Sentidos, instintos, saberes sensíveis, criatividade, intelecto: tudo tem seu lugar e seu tempo, mas só a partir da sensibilidade o intelecto tem base segura para se desenvolver.



Eu desconfio das ideias de "gestão das emoções" e "habilidades socioemocionais" tão difundidas por instituições que se auto intitulam inovadoras. Pois nossas emoções, sentimentos e habilidades são desenvolvidas num processo biológico-histórico e, portanto, não podem ser tratadas de forma fragmentada, como se fossem produtos em prateleiras ou critérios para pessoas serem perfeitas para o mercado capitalista. Quando a razão empresarial do capital se apropria da Educação, esta deixa de ser humanizadora, deixa de ser Educação, vira instrumento de dominação social, opressão e alienação.


Para sermos adultos com inteligência emocional é preciso garantir uma infância segura e amorosa para as crianças e para isso é preciso possibilitar salários dignos e boas condições de trabalho para seus pais, mães, familiares e toda a sociedade. É preciso garantir as políticas públicas de Educação, Saúde e Assistência Social (o que inclui a previdência social que o Brasil sob o #bolsonarismo acabou de abolir). 


No Brasil não é preciso inventar a roda em Educação, temos História e grandes educadores, Paulo Freire é um deles. É precisamos dar continuidade  ao caminho progressista escrito na Constituição Federal de 1988 e nas demais políticas públicas que elaboram e executam a garantia dos direitos sociais.

Educação, Saúde e Serviço Social não são Mercadoria, são produções Históricas que não podem ser apagadas. O Brasil tem História!





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