É
uma honra e um profundo aprendizado estar com essas crianças. Crianças tão
pequenas capazes de relações tão profundas, as quais começam de um grão de
areia, ou seja, de uma simples abertura que a criança dá. Pode até mesmo
começar da recusa desta abertura, não há regra, é puro sentir verdadeiro.
O
primeiro contato até o momento em que a criança aceita um olhar, gesto,
proposta, palavra ou mesmo uma ajuda, até o primeiro sorriso, a primeira
gargalhada, o abraço, o acolhimento, as mãos dadas, o compromisso, até que se
faz vínculo, relação, confiança, curiosidade, criatividade, amor, segurança.
Respeitar esse tempo e o modo de ser de cada um é dar espaço para a criança
ser, a escuta sensível e atenciosa, o respeito máximo que pauta o nosso agir ao
buscarmos nos relacionar com as crianças, um princípio da relação humana
saudável.
Tudo
isso é condição para o aprendizado e para a construção do conhecimento, o
ambiente e as relações dão sustentação para os saberes sensíveis e intelectuais.
Tais “etapas” da relação educador-educando são também categorias constituidoras
de uma educação integral, ou seja, o entendimento que os aprendizados se dão no
contexto das relações sociais e das interações com o ambiente não apenas nas
perspectivas racional, cognitiva e intelectual, mas também numa abrangência
sensível, sutil, emocional, espiritual, o ser em sua completude tanto da
profundidade do indivíduo quanto na diversidade da coletividade.
Trabalhar
as relações para o entendimento que somos um com os outros, o valor de sermos
um coletivo com a sociedade e com a natureza, exige, antes de tudo, uma atitude
corporal. O nosso próprio corpo nos mostra como somos seres sociais, cheio de
necessidades de afetos, o ser humano é criador, criativo e essa capacidade se
dá na relação interpessoal, bem como nas interações intersociais.
São
essas relações que permitem a criação e recriação da cultura, contexto onde se
dá a Educação, uma vez que esta é também, necessariamente um fenômeno social e
político. A corporeidade, os gestos, os sentidos, os significados, são aspectos
estéticos que expressam nossa ação no mundo, portanto, são também os nossos
atos o fundamento de nosso fazer educativo. Uma educação democrática, portanto,
só pode se dar mediante a consciência que a verdadeira liberdade é a liberdade
coletiva e a verdadeira autonomia é a autonomia coletiva.
Assim,
só poderemos realmente construir um projeto educacional transformador com toda
a sociedade envolvida no propósito de construir uma educação que possa um dia
ultrapassar os nossos muros e de alguma forma influenciar e atingir a Educação
do nosso país como um todo, no sentido de que o amor, o total acolhimento, o
brincar, o contato com a natureza, o aprendizado, o respeito máximo sejam
direitos garantidos a todas as crianças.
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