Carinho à Terra, 2015.
Nanquim sobre papel.
Tudo surgiu de um abraço. Fechei os olhos e senti que estava
abrigada pelo meu próprio corpo, que estava abrigado por um outro corpo, que
estávamos os dois envolvidos pelo sentimento do amor. Senti, porém, que o meu
corpo não era meu.
Então veio a compreensão de que somos espíritos vivendo a
materialidade e que o carinho que se faz ao corpo, se faz, na verdade, à terra.
Não quero aqui cair na dualidade mente-corpo ou
matéria-espírito, pois a vida, como conhecemos, não permite separar essas
dimensões. Apenas as separamos a título de buscar compreendê-las, no entanto,
só podemos compreender a vida se pensarmos a fusão da matéria com aquilo que a
anima.
Podemos pensar, mas muito mais, podemos sentir. Cada ser
vive a vida de um jeito diferente e uma mesma vida é constituída de
experiências diferentes. São infinitas dimensões, todas distintas e únicas.
Cada ser é único e suas experiências são únicas.
Esse abraço foi único e, para mim, será inesquecível. Eu
nunca tinha sentido um abraço dessa forma e, provavelmente, essa experiência
mudou o modo que eu percebo o ato de abraçar.
Todo ser vivo um dia morre e aqui na terra deixa o seu
corpo. Isso é tudo o que podemos perceber nesse mundo. O que acontece ao
espírito ou se há outros mundos aqui não podemos saber. Então, se aqui isso é
tudo o que sabemos, deixemos à terra corpos acarinhados, abraçados, inscritos e
impressos de amor e carícias.
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