Nessa série de insights eu me vali de várias teorias,
filosofias, pesquisas, conversas com amigos, reflexões e, sobretudo, da constante
experiência de conhecer projetos, trabalhar, pesquisar, viver, como um ciclo
constante que retroalimenta o ser, faz agir e pensar. A experiência prática é
onde busco conexões entre as várias sabedorias, porém vejo que a presença é um
alinhamento com o ser sensível e instintivo com o nosso ser cultural e
transcendental. Aprendi que tudo é um momento vivo, o agora é a constante troca
do nosso organismo com o ambiente.
Digo isso porque, em meu atual
momento, estou aprendendo que em Educação, muitas vezes, somos extremamente e
distraidamente moralistas. Para transformar isso precisamos estar dispostos a
enxergar as raízes dos nossos valores e princípios, perceber os significados de
nossas ações. Ao mesmo tempo em que buscamos formas de transformar, vamos buscando
estratégias de conciliar o mundo que temos com o mundo que queremos ter, com as
coisas que queremos transformar. Ao mesmo tempo que eu percebo que é
fundamental e essencial deixar a criança livre para viver por si suas
experiências de aprendizado, reconheço o valor da sistematização e registros do
processo de aprendizagem. Ao mesmo tempo que é bom contar uma história sem
expressar juízos e assim deixar a criança livre para interpretar, é bom também
expressar as emoções.
Vou compreendendo que a atitude
do educador é de se permitir estar em dois mundos ao mesmo tempo: o mundo que
identifica em si padrões opressores e ressignifica o fenômeno da Educação e o
mundo que constrói a si mesmo. Através da cultura podemos preservar o bom do
passado e transforma os padrões do antigo paradigma para ações democráticas,
ecológicas, comunitárias, autônomas.
O despertar, muitas vezes, nos
leva ao extremo de uma ideia, de uma percepção. Isso aconteceu comigo em vários
momentos. Hoje eu procuro conciliar os diversos mundos, o estar presente no
agora e a atitude de não fazer juízos desnecessários, ficar mais atenta aos
meus “moralismos”, pois estes são ideias estigmatizadas socialmente que, na
maioria dos casos, desfavorecem a percepção sensível do momento educativo, da
experiência de enxergar cada pessoa como única, cada momento como único, uma
ação pedagógica encarnada na presença, na sensibilidade e na escuta sensível. O
julgamento moral nos impede perceber o fenômeno em si, o que é fundamental para
ser possível desenvolver uma Educação que respeita o tempo e a forma de
aprender de cada um, que considera os sonhos e os desejos da criança na
construção do roteiro de aprendizagem dos educandos.
Percebo que definir valores e
segui-los é construir princípios éticos e aprendizados, e isso é fundamental em
Educação, contudo, isso não pode ser cristalizado, não pode ser ortodoxo, eis
que a Educação é o espaço para a diversidade, para aprender a ouvir, a
dialogar, a fazer escolhas e respeitar as escolhas dos outros, ainda que isso
seja diferente daquilo que queremos. Para que possamos levar os nossos
aprendizados pedagógicos em direção ao futuro, é preciso que isso seja
flexível, capaz de sincronizar com as surpresas e emergências da vida. Abrir
mão de alguns julgamentos morais nos ajuda a perceber as coisas de forma mais
dinâmica e viva, abandonamos algumas certezas, honramos algumas sabedorias, mas
temos conscientes que estamos construindo a realidade a todo momentos, constantemente,
permanentemente, em movimento.
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