Durante a 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes estamos vivendo
uma espécie de residência (e resistência) artística no atelier Arte pela Terra.
Uma vivência entre amigos, onde trocamos de receitas culinárias a experiências
artísticas. Vivenciamos algumas práticas da permacultura reaproveitando a água
do banho, compostando o lixo orgânico, lavando e cuidando das sacolinhas
plásticas, limpando e separando o lixo, comendo alguns alimentos da horta e, a
todo momento, vivenciamos o significado da palavra pluralidade.
Essas trocas nos fortalecem e perpassam por nossa capacidade
de servir, pois todos os artistas que estão hospedados no atelier vêm
colaborando com a organização e a estrutura do espaço que em breve estará aberto
ao público. Estamos unindo nossos trabalhos artísticos, realizando uma
exposição de móveis feitos com reutilização de skates usados, intervindo nas
ruas com os palhaços catadores de lixo e com teatro lambe-lambe, gravando um
documentário sobre arte de rua, preparando performances, conversando sobre
economia criativa, fazendo oficina de biografiti, celebrando e construindo
ideias e planejamentos para nossos projetos futuros.
Em meio a essa convivência das artes, o diálogo se faz
presente e traz temas como sustentabilidade, injustiça social, valorização da
arte e economia criativa. Estamos conversando e relatando a nossa luta de
sobreviver através do trabalho artístico, de como podemos valorizar o nosso
trabalho para poder viver dignamente sendo um artista, um arte-educador, um
pesquisador. Não temos respostas prontas, mas através das trocas e dos diálogos
estamos conseguindo desenhar alguns caminhos possíveis.
Percebemos que essa discussão nos mostra o padrão de
injustiça social, domínio e exploração que rege o mundo inteiro, esse esquema
monopoliza e absorve tudo; a arte, o mercado, os trabalhos de cuidado e
preservação da natureza e até os valores humanos. À medida que conversamos
percebemos a conexão que há entre o trabalho, a arte, o dinheiro e o meio
ambiente e vamos tecendo novos caminhos, novas perspectivas, pois percebemos
que o universo é abundante, a natureza e nossa inventividade pode criar tudo o
que precisamos. Sonhamos com uma vida de liberdade em que podemos fazer brotar
da terra o nosso alimento e dos nossos corações a nossa criatividade.
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