Wednesday, May 11, 2016

O machismo, os homens e eu



Os homens estão lá fora, no bar ao lado do meu quarto, daqui escuto a narração do futebol na televisão e o barulho dos homens que, de um jeito uníssono, gritam com a televisão. Eles comentam entre si, mostram uns para os outros o quanto sabem de futebol.

Eu fico aqui no meu quarto pensando sobre os homens. A começar pelo meu pai que ao meu ver nunca foi machista, mas que hoje eu vejo que é. Não sei de onde veio esse jeito dele que quer impor sei lá o que, mostrar um poder que não serve pra nada, a não ser para desperdiçar o tempo com violência (por mais sutil que ela seja), ao invés de aproveitá-lo com amor.

Fiz uma promessa para mim mesma: não vou permanecer em um relacionamento que me faça mal, não vou deixar que me desrespeitem ou gritem comigo. Quando isso acontecer seja lá com quem for, saberei de uma coisa: é hora de caminhar sozinha. Sei que também sou capaz de não cumprir essa promessa e me digladiar com um amor de sofrimentos e esgotamentos, afinal a promessa foi para mim mesma, eu não envolvi Deus nisso de forma direta. Porém, de um jeito ou de outro, Ele tem tudo a ver com isso. 

Não posso permanecer em relações que me esgotam, que me deixam sem energia, que me fazem sofrer, pois eu acredito que neste mundo eu sou uma trabalhadora, pois há um propósito revolucionário neste planeta, um plano de que o amor reine na humanidade e isso implica inúmeros aspectos, do espiritual ao político. Eu não posso, portanto, deixar que nada me esmoreça, afinal, preciso trabalhar na transformação do mundo!

Pode ser realmente que essa promessa não seja tão radical, pois sei também que faz parte da transformação do mundo a minha transformação pessoal e a transformação das minhas relações. Então, talvez, de vez em quando, eu posso me dedicar sim a alguém na busca de aprender e ensinar, de encontrar novas formas de ser e de se relacionar, pois, nesse mundo moderno individualista, violento e egoísta, não temos muitas referências.

Os referenciais que temos são tão “santos” e estão tão distantes de nós, seres da superfície terrestre, que não podemos nos aproximar do que eles e elas foram, por isso, por serem tão diferentes, se tornaram santos, depois que morreram, é claro. Esse então é o nosso mundo, o nosso entendimento de mundo, esse lugar, esse Brasil, onde tem sido difícil viver e eu bem sei que já foi pior.

A nossa fraqueza e violência é tão sutil que chega a ser legitimada, muitas mulheres não percebem que sofrem violência, pois esta vem na forma de palavras, controle, ameaças e chantagens sutis. Pensando bem, infelizmente, tenho que admitir que tive esses problemas com todos os homens com quem me relacionei afetivamente, todos eles, de alguma forma, em algum momento, foram violentos comigo. Sei também que eles não se dão conta disso.