Quando a palavra não puder dizer
Algo além do nada,
E o silêncio não respirar...
Quando, apesar da leveza do ar,
Sentir uma onda pesar,
Sem saber ir nem levar...
Quando os sentimentos
Atingirem o vento
Levando para longe
As rédeas do entendimento,
Não pense que é esquizofrenia
E simplesmente
Escreva uma poesia.
Quando não souber distinguir,
Na prisão da razão,
A expressão do sentir...
Sem saber a diferença
Do lamento e do engraçado,
Da bagunça e do organizado...
Não espere,
Não se desespere,
E sem entender
Contemple essa agonia.
Simplesmente
Escreva uma poesia.
Quando seu coração
Engolir seu corpo,
Quando sua língua
Relaxar morta
Tapando o seu pulmão,
Não chore,
Não esconda a emoção,
Dance a vida na viola,
Cantarola uma canção,
Emocione em coreografia
E, com o corpo,
Escreva uma poesia.
Quando enfim puder perceber
Outro entendimento da compreensão
Livre das janelas da razão...
Experimente e exercite
O contemplar
O não entender
Essa simples beleza,
O mar de incerteza
Movimento fluir
Livre natureza
Como a luz do Sol
Que é por si
E em si e silêncio
Transforme o seu sentimento
Sem sentido no tempo
No risco lamento
Da palavra macia
E simplesmente,
Escreva uma poesia.
Escrito em: 27.10.2013
Wednesday, December 09, 2015
Wednesday, October 28, 2015
Mágoa
Mágoa é como água
Porque o sangue
é feito d'água
arde o peito
a dor deságua
mágoa não acalma
consome o corpo
afoga a alma.
Tuesday, October 20, 2015
Para a Terra brilhar ainda mais
"Fazei-me instrumento de vossa paz".
Nada vale à pena se não for por amor. Por isso nada conseguirei através da agressividade e furia do ego, nada me acrescenta as identificações derrotistas. Tudo o que me acontece faz parte da minha jornada de aprendizado e aperfeiçoamento. Por isso não devo me envergonhar de minhas dificuldades. Devo aceitá-las como portais que me darão acesso a novas ferramentas para seguir a jornada.
Eu sou um ser de amor. Estou aqui para dar e receber amor e também para aprender a amar. Minhas dificuldades no aprendizado do amor me conduzem ao encontro comigo mesma, ao caminho que me leva ao meu próprio Ser.
Assim compreendo que tudo começa com um amor maior, um amor pelo mundo, pelo universo, pelo criador, um amor eterno. Essa é a fonte da benevolência, pois o amor humano, pessoal, relacional só pode ser forte se houver amor ao mundo. Pois não há separação real entre o Ser e o mundo. Entre cada Ser de cada pessoa e o universo, as estrelas, os planetas, as plantas, os animais, a Terra...
TEUS GRANDES AMORES JAMAIS SERÃO TEUS.
Tudo que podes ter do amor é o amor ao amar, é a energia de plantar e cultivar o amor.
Friday, October 09, 2015
O que será o tempo?
Serão as forças da terra, da água e do Sol que faz uma semente
ser árvore?
Será o ar que respira o pulmão para curar o coração de um amor
que se foi?
Será o alimento que faz de um menino um homem?
Ou o sonho criativo que faz de um homem um menino?
O movimento transformador?
De quanto tempo o tempo precisa para passar?
Tuesday, August 04, 2015
O Lugar do meu Desejo
Eu passava na rua, Rio de Janeiro, bairro da Lapa, escadaria
do Selaron, cada pedra, cada azulejo me reportava para um canto do mundo.
Pensava no barro, no forno, o esmalte, o desenho, as mãos, o desejo, o lugar. A
vontade de fazer, construir, decorar, queimar, esmaltar, pintar, o desejo de
revestir uma escada colorida, com azulejos vindos do mundo todo.
Eu passava, à toa, caminhando e fotografando. De longe ouvi
uma música, um choro. Violão, pandeiro, flauta, cavaquinho e bandolim, receita
de samba, vibrações, pedacinho do céu, noites cariocas, santa morena... o som
vinha do primeiro andar de um prédio, eu queria tanto estar lá.
Se eu realmente tivesse lá em baixo, na rua, andando e
passando, eu certamente desejaria estar lá em cima, no primeiro andar daquele
prédio, com aqueles músicos tocando, acompanhando, dando ritmo com as batidas
no pandeiro, sim, certamente eu desejaria. Como desejou o artista Selaron
revestir aquela escadaria e vê-la toda colorida, como desejaram cada um
daqueles que criaram e construíram aqueles azulejos.
Felizmente, na verdade, eu não estava na rua, estava
exatamente no lugar do meu desejo, ao lado do violão tocando o meu pandeiro.
Tuesday, June 30, 2015
À Terra
Carinho à Terra, 2015.
Nanquim sobre papel.
Tudo surgiu de um abraço. Fechei os olhos e senti que estava
abrigada pelo meu próprio corpo, que estava abrigado por um outro corpo, que
estávamos os dois envolvidos pelo sentimento do amor. Senti, porém, que o meu
corpo não era meu.
Então veio a compreensão de que somos espíritos vivendo a
materialidade e que o carinho que se faz ao corpo, se faz, na verdade, à terra.
Não quero aqui cair na dualidade mente-corpo ou
matéria-espírito, pois a vida, como conhecemos, não permite separar essas
dimensões. Apenas as separamos a título de buscar compreendê-las, no entanto,
só podemos compreender a vida se pensarmos a fusão da matéria com aquilo que a
anima.
Podemos pensar, mas muito mais, podemos sentir. Cada ser
vive a vida de um jeito diferente e uma mesma vida é constituída de
experiências diferentes. São infinitas dimensões, todas distintas e únicas.
Cada ser é único e suas experiências são únicas.
Esse abraço foi único e, para mim, será inesquecível. Eu
nunca tinha sentido um abraço dessa forma e, provavelmente, essa experiência
mudou o modo que eu percebo o ato de abraçar.
Todo ser vivo um dia morre e aqui na terra deixa o seu
corpo. Isso é tudo o que podemos perceber nesse mundo. O que acontece ao
espírito ou se há outros mundos aqui não podemos saber. Então, se aqui isso é
tudo o que sabemos, deixemos à terra corpos acarinhados, abraçados, inscritos e
impressos de amor e carícias.
Monday, June 08, 2015
Coração Floresta
O teu coração é floresta
É mata fechada ribeira
Rastejo e me perco no
mato
Mergulho no rio em
viagem
Olho no espelho na
margem
E vejo a tua imagem
É mata sem caminho
É trilha sem chegada
É noite enluarada
Estrelas ao luar
O teu coração é um
pássaro
Que é livre dentro de
ti
De canto grave macio
Habita o topo da árvore
É belo feito miragem
Rege a orquestra
selvagem
Raízes se abraçam
Firmam o chão
Buscam o alimento
Do teu coração
A vida que bate em teu
peito
É força que pulsa em
amor
É ninho de passarinho
É onça no meu caminho
Do lobo é o carinho
A mata que me abrigou.
Wednesday, June 03, 2015
Tuesday, May 26, 2015
Dois lados
Água corre
Corta o vale
Molha a pedra
Mora o peixe
Canta corrente
Pulso da nascente
Num lado bate Sol
No outro sombra e frio
Um de frente para o
outro
Os dois lados de um rio
Entre os dois lados
A água passa
Ao mesmo tempo
Une e separa
A luz que chega
Projeta a sombra
No rio se deita
E outro lado encontra
Pelas pedras
Fazem seus caminhos
Os dois lados,
separados
Nunca estão sozinhos
Acompanham um ao outro
Nas curvas que o rio
faz
Trocam sementes os dois
lados
Através dos animais.
Um dia uma ponte
Alguém construiu
Deram-se então as mãos
Os dois lados desse rio
Essa ponte um dia
Nós dois atravessamos
Como os lados desse rio
Nós um dia nos amamos
Corre rio
Sopra vento
Canta água
Mata dança
Nosso amor
Vive e morre
Sempre cresce
Nunca cansa.
Friday, April 10, 2015
Thursday, April 02, 2015
Sutilezas
De onde vêm as
palavras?
Como brotam as ações?
Onde nascem as
lágrimas?
(que formam os rios nos
corações).
Sutilezas são palavras
caladas
Sentimentos ignorados
Que derretem sólidos
E entopem o ralo
.
.
É a dor que não se vê
Que sofre sem doer
O fantasma que mata
calado
Retornando o agora
Que vem do passado.
Terreno solene sereno
Caminho minado sozinho
Rosa, pétala, pena,
passarinho
Sutileza é certeza leve
Tão leve que não se
percebe.
Tuesday, March 31, 2015
Sunday, March 29, 2015
Inocência
Imagem: https://www.facebook.com/mariana.kuroyama?fref=ts |
Quero te dar a liberdade
da inocência
Porque ser livre é como
estar em silêncio
Sentar numa pedra,
observar a montanha
E a moça que sobe e
desce
Carregando o seu
coração
Quero ser livre com os
pássaros
Não precisam de roupa
E podem voar
Voam juntos em bando
Não usam palavras
E sabem cantar
Olha lá como é lindo
A moça que cura o seu
coração
Desce a montanha
cantarolando
Com esperança de um dia
O amor encontrar
Talvez os seus olhos
não vejam
Seus ouvidos não ouçam
Mas seu coração vai
sentir
Quando isso acontecer
Deverá saber esquecer
Tudo que sabes,
Tudo que viu, ouviu e
viveu
Quero te ensinar sobre
a inocência
A liberdade que fala em
silêncio
Thursday, February 19, 2015
Jacob
Já começou
Já descobri
Já comecei a sorrir...
Já cobri com manto
Do amor meu ser
Já sou puro encanto
Jacob vai nascer...
Sinto em mim agora
Que recomeça a vida
Sinto em tua chegada
O avesso da partida
Penso em teus olhos
O brilho do amor
De um menino doce
Que levo aonde eu for
Peço que a vida seja bela
E seja feita pra brincar
Que tu vejas da janela
A natureza para amar
Seus sonhos sejam coloridos
Seu sono seja só de paz
O seu sorriso de menino
A alegria dos seus pais
Tuesday, February 10, 2015
Amor
O amor é amor na caixa, na estante, na praça, se for amor no coração.
É olhar, é mão, é temperatura, é prosa, poema e canção.
O amor é palavra que dispensa adjetivo, é sentimento par, ímpar, totalmente subjetivo.
É atitude, obra e ação, mas não é impositivo.
O amor é sentimento perfeito que acolhe, inclusive, imperfeição e defeito.
Só pode ser vivido e compreendido, se houver amor por si mesmo.
O amor é experiência vivida, é vínculo com o mundo, é dádiva na vida.
É saber o valor de cada coisa do mundo, do que é vivo e do que não é, de cada pessoa querida e também das desconhecidas.
O amor é mais que sentimento, é força divina que nasce dentro do peito e se espalha no corpo inteiro.
É aprendizado de cada dia, é lição, é silêncio e atenção, é o caminho, a verdade e a vida, é esteio e chão.
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